Fonte: Zero Hora
Gigante nacional do quadrinho e referência para muitos ilustradores da atualidade, Renato Canini morreu na noite desta quarta-feira, em Pelotas, no sul do Estado. O artista tinha 77 anos e sofreu um mal súbito, decorrente de problema cardíaco.
O quadrinista, ilustrador e cartunista se tornou célebre por nacionalizar Zé Carioca, o papagaio da Disney, em publicações da Editora Abril.
– Ele criou um Zé Carioca de mangas curtas. Antes, era artificial, criado nos EUA, tinha paletó e guarda-chuva. Criou um cenário bem mais brasileiro – explica o cartunista Santiago.
Nascido em Paraí, em 1936, Canini cresceu em Barril (hoje Frederico Westphalen). Aos 10 anos, foi morar em Garibaldi, onde divertia-se rabiscando nas calçadas da cidade, e lá descobriu o cinema e gibis como O Guri, Lobinho, Vida Infantil... Sua trajetória profissional começou em 1957, na revista Cacique, editada em Porto Alegre. Como ilustrador, colaborou com charges para Correio do Povo, Pasquim, Mad e outras publicações. Trabalhou na revista Recreio, da Editora Abril.
– Como artista, é um pioneiro da simplicidade. Já nos anos 60, nos colocou em pé de igualdade com os europeus – analisa o jornalista e humorista Fraga – Ele tinha um humor muito sutil, e um grande poder de síntese – acrescenta.
– Todos os desenhistas veneram ele pela grande simplicidade que ele conseguiu no traço. Em meia duzia de traços ele resolvia tudo – comenta Santiago.
Nos anos 1970, assumiu a revista de Zé Carioca, na fase considerada seminal para a transformação do papagaio em um personagem genuinamente brasileiro. Canini fazia questão de situar cenas em favelas brasileiras, o que desagradava os editores americanos.
– É uma ironia, porque fui dispensado pelos americanos depois de desenhar o Zé Carioca durante seis anos, de 1971 a 1977. Eles eram contra eu botar muita favela. Não entendem o Terceiro Mundo. Também não gostavam dos coadjuvantes que eu inventava, uns negrinhos – recordou Canini, em entrevista a ZH em 2005.
Criou também Kactus Kid, sátira aos caubóis do faroeste, e um personagem cabra da peste, o cangaceiro Zé Candango. Dois personagens de Canini sintetizam a alternância entre os públicos com quem o desenhista dialogava: o indiozinho Tibica, nascido em 1978, falava às crianças sobre temas como ecologia, enquanto o Dr. Fraud, surgido na revista Patota, fazia graça aos adultos analisando personagens dos quadrinhos, do cinema, da política e da vida brasileira.
– Era um cara original, influenciou milhares de pessoas. Compararia somente ao Saul Steinberg. Só posso chamar esses dois de originais – argumenta o desenhista e roteirista Lancast.
Na década passada, Canini foi homenageado pela Editora Abril com um livro compilando várias de suas histórias para Zé Carioca.
Seu último livro foi Pago Pra Ver, uma reunião de cartuns, desenhos e ilustrações com temática campeira lançada no ano passado. No texto que acompanha a publicação, o escritor Luis Fernando Verissimo diz que há duas espécies de cartunistas: "o Canini e os outros".
Sem filhos, Canini deixa a mulher, Maria de Lourdes. O sepultamento está marcado para as 16h desta quinta-feira no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, em Pelotas.
O quadrinista, ilustrador e cartunista se tornou célebre por nacionalizar Zé Carioca, o papagaio da Disney, em publicações da Editora Abril.
– Ele criou um Zé Carioca de mangas curtas. Antes, era artificial, criado nos EUA, tinha paletó e guarda-chuva. Criou um cenário bem mais brasileiro – explica o cartunista Santiago.
Nascido em Paraí, em 1936, Canini cresceu em Barril (hoje Frederico Westphalen). Aos 10 anos, foi morar em Garibaldi, onde divertia-se rabiscando nas calçadas da cidade, e lá descobriu o cinema e gibis como O Guri, Lobinho, Vida Infantil... Sua trajetória profissional começou em 1957, na revista Cacique, editada em Porto Alegre. Como ilustrador, colaborou com charges para Correio do Povo, Pasquim, Mad e outras publicações. Trabalhou na revista Recreio, da Editora Abril.
– Como artista, é um pioneiro da simplicidade. Já nos anos 60, nos colocou em pé de igualdade com os europeus – analisa o jornalista e humorista Fraga – Ele tinha um humor muito sutil, e um grande poder de síntese – acrescenta.
– Todos os desenhistas veneram ele pela grande simplicidade que ele conseguiu no traço. Em meia duzia de traços ele resolvia tudo – comenta Santiago.
Nos anos 1970, assumiu a revista de Zé Carioca, na fase considerada seminal para a transformação do papagaio em um personagem genuinamente brasileiro. Canini fazia questão de situar cenas em favelas brasileiras, o que desagradava os editores americanos.
– É uma ironia, porque fui dispensado pelos americanos depois de desenhar o Zé Carioca durante seis anos, de 1971 a 1977. Eles eram contra eu botar muita favela. Não entendem o Terceiro Mundo. Também não gostavam dos coadjuvantes que eu inventava, uns negrinhos – recordou Canini, em entrevista a ZH em 2005.
Criou também Kactus Kid, sátira aos caubóis do faroeste, e um personagem cabra da peste, o cangaceiro Zé Candango. Dois personagens de Canini sintetizam a alternância entre os públicos com quem o desenhista dialogava: o indiozinho Tibica, nascido em 1978, falava às crianças sobre temas como ecologia, enquanto o Dr. Fraud, surgido na revista Patota, fazia graça aos adultos analisando personagens dos quadrinhos, do cinema, da política e da vida brasileira.
– Era um cara original, influenciou milhares de pessoas. Compararia somente ao Saul Steinberg. Só posso chamar esses dois de originais – argumenta o desenhista e roteirista Lancast.
Na década passada, Canini foi homenageado pela Editora Abril com um livro compilando várias de suas histórias para Zé Carioca.
Seu último livro foi Pago Pra Ver, uma reunião de cartuns, desenhos e ilustrações com temática campeira lançada no ano passado. No texto que acompanha a publicação, o escritor Luis Fernando Verissimo diz que há duas espécies de cartunistas: "o Canini e os outros".
Sem filhos, Canini deixa a mulher, Maria de Lourdes. O sepultamento está marcado para as 16h desta quinta-feira no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, em Pelotas.
Infelizmente. É uma pena que ele tenha partido. Que Deus te abençoe, mestre, e que o SENHOR te tenha no céu com ele agora, neste momento. Você fez um legado incrível nessa vida. Tudo o que você fez não pode ser apagado. Jamais te esqueceremos. Bendito sejas tu, Renato Vinicius Canini, o "pai" do Zé Carioca!
ResponderEliminarGrande artista! As histórias brasileiras são de ótima qualidade: desenho dinâmico e acima de tudo humor sem igual. Zé Carioca é, quase, sinônimo de Brasil.
ResponderEliminarQue triste notícia, Miguel. Foi um dos maiores artistas Disney que o Brasil já teve. Seu Cactus Kid na saudosa Crás é inesquecível e seu Zé Carioca é insuperável - uma grande perda mesmo...
ResponderEliminarQue seja bem recebido na luz de Deus e continue oferecendo alegria a todos.
ResponderEliminarÉ isso! Mais um mestre que se vai. Aos poucos vão todos. Será que um dia teremos caras tão bons quanto ele? Disney de fato criou o Zé, mas foi Canini que lhe deu uma alma com um sopro de vida bem brasileiro. Vai com Deus mestre!!!
ResponderEliminar(João Carlos - João e Néia)
Carl Barks deve estar feliz, recebendo de braços abertos, afetuosamente, sobre as nuvens, mais um grande cartunista que lá chega ! ...
ResponderEliminarInfelizmente na vida teremos perdas, algumas dolorosas como essa, mas também ganhamos muito com suas obras que serão eternas. Vá em paz mestre Canini fique com Deus.
ResponderEliminarUma perda irreparável para os quadrinhos Disney.
ResponderEliminarGrande artista, grande perda. Felizmente a sua obra é imortal.
ResponderEliminarVá em paz, mestre
É o que dá comer pessimamente mal. Comer carnes, lacticínios e ovos é de longe a principal causa para os ataque cardíacos, além de muitos outros problemas de saúde.
ResponderEliminarTomara que sirva de inspiração para a Abril retomar de vez a produção inédita do Zé...Obrigado Canini,pra mim você foi o 2º pai do malandro,já que reinventou o personagem e a realidade
ResponderEliminarque o cercava n__n
Cheguei a conhecê-lo pessoalmente em uma das edições do FIQ que o homenageava, me surpreendeu encontrar uma pessoa tão talentosa e ao mesmo tempo tão simples. Descanse em paz grande mestre, que agora você mostre sua arte em outras paragens mais iluminadas que o nosso mesquinho e cinzento mundo.
ResponderEliminarUma lamentável perda. Realmente.
ResponderEliminarUm grande mestre, dono de um legado inestimável...
ResponderEliminarQue descanse em paz...