Um regresso ao passado, em 84 páginas,
numa revista partilhada pelo
Rodrigo (obrigado). Um destaque
pessoal para mais um spin off
do Peninha...Pena Gordon :)
Divirtam-se!
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Scan: Rodrigo
Tratamento de Imagens: Quadradinhos Patópolis
O que é mais legal é que, além das estórias desta revista terem, como tema, a viagem no tempo, a própria leitura da revista, em si, já nos proporciona uma viagem ao passado! Assim como todas estas outras postagens fantásticas que temos sempre aqui no Quadradinhos!!! Obrigado ao Miguel pela excelente restauração!
Viajar no tempo é um dos sonhos mais antigos da humanidade, e está presente desde os profetas do Antigo Testamento (que prenunciavam o mundo do porvir com seus sonhos e visões do futuro e de uma Terra restaurada e livre de todo mal), passando por Dante Alighieri, Nostradamus até chegar ao século XX, quando surge na ficção científica este tema com mais desenvoltura e já na esteira dos acontecimentos científicos que mudaram o panorama do mundo, sobretudo com o advento da Teoria da Relatividade, de Einstein, que contemplou - pelo menos em teoria - a possibilidade de se viajar no tempo ao tratar espaço e tempo como uma singularidade. Em sua obra "A Máquina do Tempo", H.G.Wells idealiza a construção de uma máquina capaz de levar seu construtor a um futuro distante - e sombrio - da humanidade, acenando com a possibilidade de que a própria espécie humana, com as guerras e doenças, se autodestruísse e perdesse seu domínio sobre o planeta, e fosse dominada por criaturas bizarras surgidas do interior da Terra. Esta obra, que teve suas versões cinematográficas, soma-se a muitas outras surgidas na literatura ou no Cinema que brincam com este anseio presente desde os tempos bíblicos. Assim, é comum que filmes de ficção como os da série "Star Wars", "O Planeta dos Macacos", "Jurassic Park", "2001, uma Odisséia no Espaço", "De Volta para o Futuro" e "Lost", somente para citar alguns, abordem esse tema de forma ora bem-humorada e divertida, ora mais séria e "científica", mas sempre flertando com esta possibilidade. A cultura popular dos quadrinhos e animações não ficaria imune a estes sonhos, e não há como falar em viagens no tempo sem ressaltar os famosos desenhos da Hanna Barbera - Os Flintstones e os Jetsons -, cada um deles satirizando a viagem no tempo de uma forma divertida. No exemplo dos Flintstones, ao retornar ao passado pré-histórico, em que homens e dinossauros convivem juntos harmoniosamente numa sociedade que reflete de forma engraçada e cômica o cotidiano da classe média americana, com aviões, eletrodomésticos, construtoras, casas de pedra, corporações, cuja força-motriz que sustenta a todos os engenhos é a "mão-de-obra" dos dinossauros e grandes feras, neste caso dominadas pela espécie humana. Em "Os Jetsons", por outro lado, os animadores situam a sociedade americana no futuro distante dos anos 2000, em que viagens interplanetárias e entre galáxias se tornam rotineiras e em que os meios de transporte usados pelas pessoas para se locomoverem são possantes veículos espaciais, além de haver uma interação constante entre seres humanos e robôs, que normalmente realizam as tarefas mais pesadas ou repetitivas.
Nos quadrinhos Disney, a viagem no tempo é um tema recorrente e de grande amplitude no desenvolvimento de histórias memoráveis e com um grande enredo. A possibilidade, pelo menos em teoria, de se viajar no tempo, passa por dois caminhos, em que os personagens ora se deslocam ao passado remoto ou mais recente para cumprir algum objetivo ou missão - ou acidentalmente - ou se deslocam para o futuro distante ou imediato, também de forma casual ou proposital, dependendo do enredo de cada história. A viagem ao passado pode ser apenas em fantasia ou imaginação, em que os indivíduos revivem histórias de antepassados ou deles mesmos quando em contato com um ambiente que evoca tais fantasias. Na primeira história em quadrinhos Disney publicada pela Editora Abril no Brasil, "Donald e o Segredo do Castelo", Tio Patinhas, Donald e sobrinhos viajam até um antigo castelo da Escócia, onde se deparam com as memórias dos antepassados do clã Mc Patinhas (na tradução, vemos o título "Mc Anjo") e enfrentam um astucioso e perigoso "fantasma", que tenta desbaratar o intento de Patinhas de encontrar o tesouro em moedas de sua família e aumentar sua fortuna, que não era tão grande na época. As viagens ao futuro, quando feitas em imaginação pelos personagens, normalmente ocorrem quando os mesmo sofrem alguma pancada na cabeça e ficam desacordados ou durante o sono, em que tais imagens e aventuras acontecem em sonhos e atingem um clímax dramático e angustiante, quando então despertam em suas camas e sentem o alívio por tudo não ter se passado de um pesadelo. Talvez uma das primeiras incursões dos quadrinhos Disney envolvendo viagens ao futuro foi "Mickey no Ano 2000", publicada na revista do Pato Donald em duas partes (números 4 e 5, respectivamente). Essa história situa o ratinho Mickey em pleno ano 2000 numa série de aventuras que mostram o espírito visionário da época (meados do século XX) e de seus autores, com invenções que muito lembram o cartão de crédito, máquinas de lavar modernas, televisão de tela plana de plasma através da qual os indivíduos comunicam-se em tempo real com o Mickey (como acontece hoje na Internet), em que máquinas interagem com humanos facilitando suas tarefas, num mundo onde há muitos veículos espaciais, bondes aéreos, casas inteligentes, com um desenvolvido sistema de voz e som, e em que até mesmo as casas e edifícios são suspensos no ar. Chama a atenção que, neste mundo do "ano 2000", a vegetação é escassa, uma antevisão do que viria a acontecer nas décadas seguintes, em que houve grande atividade industrial que desmatou grande parte das florestas conhecidas. E é claro que neste mundo do futuro, as pessoas são as mesmas, continuando a existir a vaidade, as desigualdades, as leis e as regras como também a maldade e a ambição desmedida, representada na personalidade do vilão "Peter", antigo nome do conhecido João Bafo-de-Onça, o arqui-inimigo do Mickey!
Peter (Bafo-de-Onça) tem pretensões magalomaníacas de dominar o mundo, (assim como o Capitão Nemo, de 20.000 Léguas Submarinas pretendeu conquistar os oceanos!) e lidera, assim, um exército de andróides, programados para cumprir seus comandos. Após conduzir Mickey e sua namorada Minnie em uma nave ao seu mundo, onde é aclamado "imperador", não deixa de ser irônica a observação do Mickey ao criticar o plano tirânico do vilão: "Ignoro até que ponto você é humano, Peter!" O projeto de Peter era nada mais nada menos que apoderar-se de todo o universo como um deus, com a ajuda de seu exército de robôs-guerreiros, e Mickey, naturalmente, se horroriza diante da loucura que dominava aquela mente. Os robôs-soldados eram produzidos numa linha de montagem, típico da cultura fordista-taylorista da sociedade industrial da época, e foram idealizados pelo amigo professor de Peter, que fora encarcerado pelo tirano. O aspecto visionário da história não pára por aí, mas chega a assombrar quando Peter apresenta a Mickey seu sósia, um perfeito "clone" do camundongo que, todavia, possui uma personalidade completamente diferente! Logo no início da segunda parte da história (em "O Pato Donald número 5") um detetive é escalado pela polícia local para auxiliar Mickey nas investigações do sequestro de sua noiva Minnie pelo vilão Pete (ou bafo), e surpreende também o aparato científico do investigador, prenunciando a era da criminologia forense, em que os recursos científicos que envolvem conhecimentos de entomologia, ciclo de vida de insetos, microbiologia, conhecimentos do corpo humano e métodos de coleta e análise da cena do crime são usados amplamente, recrutando uma série de recursos muito comuns em séries como "CSI-Investigação Criminal" e outras do gênero. Não revelarei o desfecho da história, que merece ser lida e pode ser encontrada neste blog nas revistas Pato Donald 4 e 5 (está no arquivo!). Utilizei-a como o exemplo clássico desses vaticínios que muito fazem recordar dois grandes visionários que a história nos legou, que foram Leonardo da Vinci e o escrito francês Júlio Verne. Ambos foram homens à frente de sua época e nos legaram invenções tão importantes como diversificadas, e que se tornaram comuns em nossos tempos, e incluem desde o helicóptero, os robôs, diversas máquinas hidráulicas, o avião, o submarino, a arma de fogo, os foguetes espaciais, a bicicleta, o telégrafo e o próprio computador, isso para não falar em muitas outras que me fogem da memória!
(Continuação do comentário sobre Edição Extra "Máquina no tempo")
Nos quadrinhos Disney, são memoráveis a série de aventuras que nossos personagens vivem em suas viagens ao passado ou futuro graças às máquinas do tempo construídas pelo Prof. Pardal ou Pelo Prof. Zapotec. Com muita frequência encontramos Tio Patinhas, Donald e sobrinhos atravessando as épocas seja retornando ao passado próximo de suas próprias vidas ou distante, vivendo em outros momentos da História e até alterando o curso dos acontecimentos, como também se deslocando para o futuro e antevendo as consequências de seus próprios atos ou de terceiros. Nesta abordagem, entra em cena às vezes o chamado "Paradoxo dos Gêmeos", que preconiza a possibilidade teórica de um indivíduo deparar-se com sua própria pessoa caso retorne ao passado, o que seria uma incoerência, pois como podem dois corpos ocuparem a mesma identidade num mesmo tempo e espaço? Na máquina do tempo do Dr. Zapotec (muito frequente em histórias italianas!), Mickey e Pateta são recrutados pelo Prof. e seu assistente para resolverem problemas históricos em épocas diferentes, seja no Velho Oeste, na Inglaterra Medieval ou mesmo acontecimentos mais recentes, dentre os quais os detalhes do gol feito pelo Pelé no estádio Azteca, na Copa do Mundo do México, uma história fantástica publicada, se não me engano, numa edição especial da Copa de 90 intitulada "Dá-lhe Brasil!" com os personagens Disney. O mais engraçado é que Mickey e Pateta retornam não ao México de 70, mas ao México que sediou a Copa de 86, ou seja, muito tempo depois que Pelé havia encerrado sua carreira como jogador de futebol! rsrs. Talvez uma das histórias mais brilhantes dos quadrinhos Disney que abordam o tema de "Universos Paralelos" é a sensacional história italiana "O Grande Planeta", publicada em Disney Especial número 119, "Os Dorminhocos"), em que Tio Patinhas, Donald e sobrinhos viajam a um planeta desconhecido e lá se deparam com seus sósias e com uma Patópolis completamente igual ao da Terra, porém, com seus habitantes e objetos absurdamente maiores, de dimensões gigantescas. Tio Patinhas se depara com sua impotência ao se ver minúsculo e indefeso e nas mãos de um Patinhas gigante e muito mais poderoso e ganancioso que ele mesmo, procurando saber qual o seu planeta de origem para dominá-lo tiranicamente, até que a história nos brinda com um final surpreendente e brilhante! (não irei contar para não estragar a surpresa).
(Parte final do comentário sobre Edição Extra Máquina do Tempo)
Para concluir minhas considerações, devemos nos lembrar do que o Miguel muito bem descreveu na apresentação desta "Edição Extra", ou seja, dos famosos "spins offs" envolvendo os personagens Disney (gênero de histórias que Paul Murry adorava!) e principalmente aquelas histórias protagonizadas pelo Peninha. Ao fechar a sessão de Astrologia do jornal "A Patada", que tinha como Peninha o seu redator, o Tio Patinhas pediu ao sobrinho que criasse uma nova coluna do jornal que fosse ao mesmo tempo interessante e que cativasse a atenção do leitor. Peninha começou a divagar sobre um personagem habilidoso, de múltiplas facetas e com uma performance diversificada - ele próprio - ambientando suas próprias aventuras como um herói em diferentes épocas da história. A série dos spins offs do Peninha fizeram tanto sucesso que já não possuiam nem mais a introdução no jornal A Patada, mas começava como "Pena das Cavernas", "Pena das Selvas" (parodiando Tarzan), "Pena Spartacus", "Pena Kid" e muitas outras peripécias, muitas delas se tornando famosas ao lado de sua namorada Glória, ou junto de seus "queridos parentes", e que normalmente terminavam em muita confusão e trapalhadas. É grande o repertório dessas histórias (que merecia, quem sabe, serem coligidas num volume único, como os amigos fizeram aqui com outras séries!) e a Editora Abril praticamente "adotou-as", trazendo-nos grandes e memoráveis produções. Quero concluir agradecendo e concordando com o Rodrigo, que afirmou com muita certidão que a própria leitura dessas maravilhosas revistas restauradas e disponibilizadas aqui neste fantástico blog é, por si mesma, uma viagem ao passado, em que somos levados como que por um encanto às nossas infâncias queridas dos saudosos e já distantes anos 80 e 90, despertando-nos muitas emoções e sentimentos vividos ao lado desses personagens eternos da Disney em histórias e aventuras por todas as partes do mundo, por todos os mundos possíveis e impossíveis e por todos os séculos e eras, deslocando-nos no tempo-espaço e fazendo-nos reviver todo um universo de magia e encanto, ora fazendo-nos rir das trapalhadas do Donald e Peninha na redação de A Patada, ora conduzindo-nos a um safári com Tio Patinhas e sobrinhos nas savanas da África, ora levando-nos ao brejo do Urtigão ou mesmo às favelas do Rio com nosso Zé Carioca! Abraços e muito obrigado ao Rodrigo e ao Miguel por esta edição maravilhosa sobre viagens no tempo!
Puxa, Wesley, você tem sempre tanto a dizer sobre os quadrinhos Disney. E ainda há quem pense que são só para crianças. Já pensou em criar um blog dedicado aos quadrinhos Disney onde pudesse dar as suas opiniões livremente, sem estar dependente dos posts que aparecem aqui? Assim, os seus comentários não ficariam dispersos e poderiam ser lidos mais facilmente. O que acha?
Oi, amigo(a), considero muito boa sua sugestão. Agradeço a atenção e boa acolhida a meus comentários e fico feliz em contribuir compartilhando informações e minhas opiniões sobre a leitura dessas ótimas histórias. Conforme você muito bem disse, não considero essas histórias apenas para crianças, elas têm muito a nos dizer e refletem todo o espírito de uma época, de uma cultura, de uma ideologia e até mesmo expressam a personalidade de seus autores. De fato, gostei de sua idéia...infelizmente, no momento, por motivos de trabalho e ocupações, ainda não posso realizar este blog, mas futuramente, é algo a se pensar! Por ora, continuarei, sempre que possível (havendo tempo e disponibilidade!), a postar alguns comentários aqui neste excelente trabalho desenvolvido pelo Miguel Altmann e colaboradores, e mais uma vez agradeço por suas palavras. Deixarei anotada sua excelente sugestão e, caso venha a criar esse blog, informarei aqui. Abraços.
Amig@s, apesar do precioso apoio que o blog tem recebido no restauro de scans, a verdade é que continua a ser necessária ajuda! Se tiver experiência em Photoshop (ou outro programa de edição de imagens) e se tiver disponibilidade para alguns restauros, por favor entre em contato através do nosso email. Se não tiver experiência em restauros pode obter muitas dicas no excelente blog do Nick: http://restaurosdonick.blogspot.com.br
Muito obrigado!
O que é mais legal é que, além das estórias desta revista terem, como tema, a viagem no tempo, a própria leitura da revista, em si, já nos proporciona uma viagem ao passado! Assim como todas estas outras postagens fantásticas que temos sempre aqui no Quadradinhos!!! Obrigado ao Miguel pela excelente restauração!
ResponderEliminarTema divertido.
ResponderEliminarValeu Rodrigo e Miguel!
Adoro Edição Extra. Tem que aparecer aqui mais vezes.
ResponderEliminarE irá aparecer Andreyl! Também é uma das coleções Disney que mais aprecio :)
EliminarVou mergulhar no tempo . . .
ResponderEliminarObrigado!
Viajar no tempo é um dos sonhos mais antigos da humanidade, e está presente desde os profetas do Antigo Testamento (que prenunciavam o mundo do porvir com seus sonhos e visões do futuro e de uma Terra restaurada e livre de todo mal), passando por Dante Alighieri, Nostradamus até chegar ao século XX, quando surge na ficção científica este tema com mais desenvoltura e já na esteira dos acontecimentos científicos que mudaram o panorama do mundo, sobretudo com o advento da Teoria da Relatividade, de Einstein, que contemplou - pelo menos em teoria - a possibilidade de se viajar no tempo ao tratar espaço e tempo como uma singularidade. Em sua obra "A Máquina do Tempo", H.G.Wells idealiza a construção de uma máquina capaz de levar seu construtor a um futuro distante - e sombrio - da humanidade, acenando com a possibilidade de que a própria espécie humana, com as guerras e doenças, se autodestruísse e perdesse seu domínio sobre o planeta, e fosse dominada por criaturas bizarras surgidas do interior da Terra. Esta obra, que teve suas versões cinematográficas, soma-se a muitas outras surgidas na literatura ou no Cinema que brincam com este anseio presente desde os tempos bíblicos. Assim, é comum que filmes de ficção como os da série "Star Wars", "O Planeta dos Macacos", "Jurassic Park", "2001, uma Odisséia no Espaço", "De Volta para o Futuro" e "Lost", somente para citar alguns, abordem esse tema de forma ora bem-humorada e divertida, ora mais séria e "científica", mas sempre flertando com esta possibilidade. A cultura popular dos quadrinhos e animações não ficaria imune a estes sonhos, e não há como falar em viagens no tempo sem ressaltar os famosos desenhos da Hanna Barbera - Os Flintstones e os Jetsons -, cada um deles satirizando a viagem no tempo de uma forma divertida. No exemplo dos Flintstones, ao retornar ao passado pré-histórico, em que homens e dinossauros convivem juntos harmoniosamente numa sociedade que reflete de forma engraçada e cômica o cotidiano da classe média americana, com aviões, eletrodomésticos, construtoras, casas de pedra, corporações, cuja força-motriz que sustenta a todos os engenhos é a "mão-de-obra" dos dinossauros e grandes feras, neste caso dominadas pela espécie humana. Em "Os Jetsons", por outro lado, os animadores situam a sociedade americana no futuro distante dos anos 2000, em que viagens interplanetárias e entre galáxias se tornam rotineiras e em que os meios de transporte usados pelas pessoas para se locomoverem são possantes veículos espaciais, além de haver uma interação constante entre seres humanos e robôs, que normalmente realizam as tarefas mais pesadas ou repetitivas.
ResponderEliminar(continuação do comentário anterior).
ResponderEliminarNos quadrinhos Disney, a viagem no tempo é um tema recorrente e de grande amplitude no desenvolvimento de histórias memoráveis e com um grande enredo. A possibilidade, pelo menos em teoria, de se viajar no tempo, passa por dois caminhos, em que os personagens ora se deslocam ao passado remoto ou mais recente para cumprir algum objetivo ou missão - ou acidentalmente - ou se deslocam para o futuro distante ou imediato, também de forma casual ou proposital, dependendo do enredo de cada história. A viagem ao passado pode ser apenas em fantasia ou imaginação, em que os indivíduos revivem histórias de antepassados ou deles mesmos quando em contato com um ambiente que evoca tais fantasias. Na primeira história em quadrinhos Disney publicada pela Editora Abril no Brasil, "Donald e o Segredo do Castelo", Tio Patinhas, Donald e sobrinhos viajam até um antigo castelo da Escócia, onde se deparam com as memórias dos antepassados do clã Mc Patinhas (na tradução, vemos o título "Mc Anjo") e enfrentam um astucioso e perigoso "fantasma", que tenta desbaratar o intento de Patinhas de encontrar o tesouro em moedas de sua família e aumentar sua fortuna, que não era tão grande na época. As viagens ao futuro, quando feitas em imaginação pelos personagens, normalmente ocorrem quando os mesmo sofrem alguma pancada na cabeça e ficam desacordados ou durante o sono, em que tais imagens e aventuras acontecem em sonhos e atingem um clímax dramático e angustiante, quando então despertam em suas camas e sentem o alívio por tudo não ter se passado de um pesadelo. Talvez uma das primeiras incursões dos quadrinhos Disney envolvendo viagens ao futuro foi "Mickey no Ano 2000", publicada na revista do Pato Donald em duas partes (números 4 e 5, respectivamente). Essa história situa o ratinho Mickey em pleno ano 2000 numa série de aventuras que mostram o espírito visionário da época (meados do século XX) e de seus autores, com invenções que muito lembram o cartão de crédito, máquinas de lavar modernas, televisão de tela plana de plasma através da qual os indivíduos comunicam-se em tempo real com o Mickey (como acontece hoje na Internet), em que máquinas interagem com humanos facilitando suas tarefas, num mundo onde há muitos veículos espaciais, bondes aéreos, casas inteligentes, com um desenvolvido sistema de voz e som, e em que até mesmo as casas e edifícios são suspensos no ar. Chama a atenção que, neste mundo do "ano 2000", a vegetação é escassa, uma antevisão do que viria a acontecer nas décadas seguintes, em que houve grande atividade industrial que desmatou grande parte das florestas conhecidas. E é claro que neste mundo do futuro, as pessoas são as mesmas, continuando a existir a vaidade, as desigualdades, as leis e as regras como também a maldade e a ambição desmedida, representada na personalidade do vilão "Peter", antigo nome do conhecido João Bafo-de-Onça, o arqui-inimigo do Mickey!
(Penúltima parte do comentário)
ResponderEliminarPeter (Bafo-de-Onça) tem pretensões magalomaníacas de dominar o mundo, (assim como o Capitão Nemo, de 20.000 Léguas Submarinas pretendeu conquistar os oceanos!) e lidera, assim, um exército de andróides, programados para cumprir seus comandos. Após conduzir Mickey e sua namorada Minnie em uma nave ao seu mundo, onde é aclamado "imperador", não deixa de ser irônica a observação do Mickey ao criticar o plano tirânico do vilão: "Ignoro até que ponto você é humano, Peter!" O projeto de Peter era nada mais nada menos que apoderar-se de todo o universo como um deus, com a ajuda de seu exército de robôs-guerreiros, e Mickey, naturalmente, se horroriza diante da loucura que dominava aquela mente. Os robôs-soldados eram produzidos numa linha de montagem, típico da cultura fordista-taylorista da sociedade industrial da época, e foram idealizados pelo amigo professor de Peter, que fora encarcerado pelo tirano. O aspecto visionário da história não pára por aí, mas chega a assombrar quando Peter apresenta a Mickey seu sósia, um perfeito "clone" do camundongo que, todavia, possui uma personalidade completamente diferente! Logo no início da segunda parte da história (em "O Pato Donald número 5") um detetive é escalado pela polícia local para auxiliar Mickey nas investigações do sequestro de sua noiva Minnie pelo vilão Pete (ou bafo), e surpreende também o aparato científico do investigador, prenunciando a era da criminologia forense, em que os recursos científicos que envolvem conhecimentos de entomologia, ciclo de vida de insetos, microbiologia, conhecimentos do corpo humano e métodos de coleta e análise da cena do crime são usados amplamente, recrutando uma série de recursos muito comuns em séries como "CSI-Investigação Criminal" e outras do gênero. Não revelarei o desfecho da história, que merece ser lida e pode ser encontrada neste blog nas revistas Pato Donald 4 e 5 (está no arquivo!). Utilizei-a como o exemplo clássico desses vaticínios que muito fazem recordar dois grandes visionários que a história nos legou, que foram Leonardo da Vinci e o escrito francês Júlio Verne. Ambos foram homens à frente de sua época e nos legaram invenções tão importantes como diversificadas, e que se tornaram comuns em nossos tempos, e incluem desde o helicóptero, os robôs, diversas máquinas hidráulicas, o avião, o submarino, a arma de fogo, os foguetes espaciais, a bicicleta, o telégrafo e o próprio computador, isso para não falar em muitas outras que me fogem da memória!
(Continuação do comentário sobre Edição Extra "Máquina no tempo")
ResponderEliminarNos quadrinhos Disney, são memoráveis a série de aventuras que nossos personagens vivem em suas viagens ao passado ou futuro graças às máquinas do tempo construídas pelo Prof. Pardal ou Pelo Prof. Zapotec. Com muita frequência encontramos Tio Patinhas, Donald e sobrinhos atravessando as épocas seja retornando ao passado próximo de suas próprias vidas ou distante, vivendo em outros momentos da História e até alterando o curso dos acontecimentos, como também se deslocando para o futuro e antevendo as consequências de seus próprios atos ou de terceiros. Nesta abordagem, entra em cena às vezes o chamado "Paradoxo dos Gêmeos", que preconiza a possibilidade teórica de um indivíduo deparar-se com sua própria pessoa caso retorne ao passado, o que seria uma incoerência, pois como podem dois corpos ocuparem a mesma identidade num mesmo tempo e espaço? Na máquina do tempo do Dr. Zapotec (muito frequente em histórias italianas!), Mickey e Pateta são recrutados pelo Prof. e seu assistente para resolverem problemas históricos em épocas diferentes, seja no Velho Oeste, na Inglaterra Medieval ou mesmo acontecimentos mais recentes, dentre os quais os detalhes do gol feito pelo Pelé no estádio Azteca, na Copa do Mundo do México, uma história fantástica publicada, se não me engano, numa edição especial da Copa de 90 intitulada "Dá-lhe Brasil!" com os personagens Disney. O mais engraçado é que Mickey e Pateta retornam não ao México de 70, mas ao México que sediou a Copa de 86, ou seja, muito tempo depois que Pelé havia encerrado sua carreira como jogador de futebol! rsrs. Talvez uma das histórias mais brilhantes dos quadrinhos Disney que abordam o tema de "Universos Paralelos" é a sensacional história italiana "O Grande Planeta", publicada em Disney Especial número 119, "Os Dorminhocos"), em que Tio Patinhas, Donald e sobrinhos viajam a um planeta desconhecido e lá se deparam com seus sósias e com uma Patópolis completamente igual ao da Terra, porém, com seus habitantes e objetos absurdamente maiores, de dimensões gigantescas. Tio Patinhas se depara com sua impotência ao se ver minúsculo e indefeso e nas mãos de um Patinhas gigante e muito mais poderoso e ganancioso que ele mesmo, procurando saber qual o seu planeta de origem para dominá-lo tiranicamente, até que a história nos brinda com um final surpreendente e brilhante! (não irei contar para não estragar a surpresa).
(Parte final do comentário sobre Edição Extra Máquina do Tempo)
ResponderEliminarPara concluir minhas considerações, devemos nos lembrar do que o Miguel muito bem descreveu na apresentação desta "Edição Extra", ou seja, dos famosos "spins offs" envolvendo os personagens Disney (gênero de histórias que Paul Murry adorava!) e principalmente aquelas histórias protagonizadas pelo Peninha. Ao fechar a sessão de Astrologia do jornal "A Patada", que tinha como Peninha o seu redator, o Tio Patinhas pediu ao sobrinho que criasse uma nova coluna do jornal que fosse ao mesmo tempo interessante e que cativasse a atenção do leitor. Peninha começou a divagar sobre um personagem habilidoso, de múltiplas facetas e com uma performance diversificada - ele próprio - ambientando suas próprias aventuras como um herói em diferentes épocas da história. A série dos spins offs do Peninha fizeram tanto sucesso que já não possuiam nem mais a introdução no jornal A Patada, mas começava como "Pena das Cavernas", "Pena das Selvas" (parodiando Tarzan), "Pena Spartacus", "Pena Kid" e muitas outras peripécias, muitas delas se tornando famosas ao lado de sua namorada Glória, ou junto de seus "queridos parentes", e que normalmente terminavam em muita confusão e trapalhadas. É grande o repertório dessas histórias (que merecia, quem sabe, serem coligidas num volume único, como os amigos fizeram aqui com outras séries!) e a Editora Abril praticamente "adotou-as", trazendo-nos grandes e memoráveis produções. Quero concluir agradecendo e concordando com o Rodrigo, que afirmou com muita certidão que a própria leitura dessas maravilhosas revistas restauradas e disponibilizadas aqui neste fantástico blog é, por si mesma, uma viagem ao passado, em que somos levados como que por um encanto às nossas infâncias queridas dos saudosos e já distantes anos 80 e 90, despertando-nos muitas emoções e sentimentos vividos ao lado desses personagens eternos da Disney em histórias e aventuras por todas as partes do mundo, por todos os mundos possíveis e impossíveis e por todos os séculos e eras, deslocando-nos no tempo-espaço e fazendo-nos reviver todo um universo de magia e encanto, ora fazendo-nos rir das trapalhadas do Donald e Peninha na redação de A Patada, ora conduzindo-nos a um safári com Tio Patinhas e sobrinhos nas savanas da África, ora levando-nos ao brejo do Urtigão ou mesmo às favelas do Rio com nosso Zé Carioca! Abraços e muito obrigado ao Rodrigo e ao Miguel por esta edição maravilhosa sobre viagens no tempo!
Não há muito a dizer...Brilhante!!!
EliminarPuxa, Wesley, você tem sempre tanto a dizer sobre os quadrinhos Disney. E ainda há quem pense que são só para crianças. Já pensou em criar um blog dedicado aos quadrinhos Disney onde pudesse dar as suas opiniões livremente, sem estar dependente dos posts que aparecem aqui? Assim, os seus comentários não ficariam dispersos e poderiam ser lidos mais facilmente. O que acha?
ResponderEliminarOi, amigo(a), considero muito boa sua sugestão. Agradeço a atenção e boa acolhida a meus comentários e fico feliz em contribuir compartilhando informações e minhas opiniões sobre a leitura dessas ótimas histórias. Conforme você muito bem disse, não considero essas histórias apenas para crianças, elas têm muito a nos dizer e refletem todo o espírito de uma época, de uma cultura, de uma ideologia e até mesmo expressam a personalidade de seus autores. De fato, gostei de sua idéia...infelizmente, no momento, por motivos de trabalho e ocupações, ainda não posso realizar este blog, mas futuramente, é algo a se pensar! Por ora, continuarei, sempre que possível (havendo tempo e disponibilidade!), a postar alguns comentários aqui neste excelente trabalho desenvolvido pelo Miguel Altmann e colaboradores, e mais uma vez agradeço por suas palavras. Deixarei anotada sua excelente sugestão e, caso venha a criar esse blog, informarei aqui. Abraços.
EliminarObrigadíssimo por compartilhar. Esse blog é o melhor para fãs de gibi igual eu.
ResponderEliminarnao consigo fazer downloa link off
ResponderEliminarPode baixar do acervo do blog!
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